Número de brasileiros com fome dispara e atinge 33,1 milhões, diz pesquisa

Uma pesquisa divulgada nesta 4ª feira (8.jun.2022) diz que cerca de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. É quase o dobro do registrado em 2020. O dado faz parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

Relatório na íntegra:

[pdf-embedder url=”https://noroeste360.com.br/wp-content/uploads/2022/06/seguranca-alimentar-covid-8jun-2022.pdf” title=”Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”]

Atualmente, mais da metade (58,7%) da população brasileira vive com insegurança alimentar, segundo o estudo.

Depois de 2 anos de pandemia e com o início da guerra na Europa, da Rússia contra a Ucrânia, a recuperação da economia ficou mais lenta. O eleitorado mais pobre (46% dos eleitores têm renda familiar de até 2 salários mínimos) é o mais afetado. Os dados sobre segurança alimentar assustam o governo de Jair Bolsonaro, que tem tentado encontrar formas de mitigar o problema.

O maior desafio em algumas regiões é prover famílias mais pobres condições para adquirir bens básicos, como gás de cozinha. Muitas comunidades carentes hoje fazem comida cozinhando em fogões a lenha improvisados.

De acordo com o Penssan, os principais fatores responsáveis pelo crescimento do número de brasileiros que sofre com insegurança alimentar, em diferentes níveis, são “a continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da covid-19”.

“O país regrediu para um patamar equivalente ao da década de 1990”, afirma o relatório. O 1º inquérito, divulgado em abril do ano passado, estimava que cerca de 19 milhões não tinham o que comer em 2020. Em 2018, eram 10,3 milhões.

Os resultados da pesquisa divulgada nesta 4ª mostram que 41,3% dos domicílios consultados estão em situação de segurança alimentar, enquanto em 28% havia incerteza quanto ao acesso aos alimentos e à qualidade da alimentação, considerada insegurança alimentar leve.

A restrição quantitativa aos alimentos foi registrada em 30,7% dos domicílios, sendo que em 15,5% deles as pessoas convivem com a fome, classificada como insegurança alimentar grave.

Em termos populacionais, de acordo com o levantamento, são 125,2 milhões de brasileiros em domicílios com insegurança alimentar e mais de 33 milhões na forma mais grave.

A Rede Penssan utilizou a Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar) –mesma utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)– para fazer a classificação.

Nela, é considerada segurança alimentar o acesso pleno e regular a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Já a insegurança alimentar é dividida em 3 níveis:

leve – quando há preocupação ou incerteza quanto o acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos para não comprometer a quantidade;
moderada – quando há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação;
grave – quando há ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio, incluindo crianças. Nesse nível de insegurança alimentar, as pessoas convivem com a fome.
Ao todo, os pesquisadores fizeram entrevistas presenciais com adultos em 12.745 domicílios brasileiros, nos 26 Estados e no Distrito Federal, nas zonas rural e urbana. A coleta de dados foi realizada de novembro de 2021 a abril de 2022.

PERFIL DOS BRASILEIROS COM FOME
O levantamento verificou que a desigualdade no acesso aos alimentos é mais comum em domicílios rurais, onde 18,6% enfrentam a fome. Entre as famílias com insegurança alimentar grave, 25,7% vivem na região Norte, e 21%, no Nordeste.

Também de acordo com o relatório, a fome está presente em 43% das famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo, e atinge mais as residências em que mulheres e/ou pessoas que se denominam de cor preta ou parda são chefes da família.

METODOLOGIA DA PESQUISA
O estudo entrevistou 12.745 pessoas de todos os Estados do Brasil e do Distrito Federal em visitas domiciliares. O período da pesquisa foi de novembro de 2021 a abril de 2022, mais longo que o comum por causa das fortes chuvas na Bahia e em Minas Gerais.

A amostra foi maior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que permitiu segmentações mais específicas para essas áreas. No caso dos dados para todo o Brasil, o número de entrevistas foi ponderado para refletir a representatividade de cada região dentro da população.

Foram feitas entrevistas em todas as macrorregiões brasileiras, incluindo 577 dos 5.570 municípios do país. No total, foram obtidas informações de 35.022 indivíduos nos 12.745 domicílios onde houve entrevistas.

Eis o plano amostral da pequisa:

 

Fonte: Poder 360
https://www.poder360.com.br/brasil/mais-de-33-milhoes-debrasileiros-passam-fome-diz-pesquisa

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