Médicos alertam: a cada 5 minutos um brasileiro morre em decorrência da doença
Desde 2008, a rotina do operador de TI, Carlos Eclésio Fernandes, 64, mudou completamente devido a um acidente vascular cerebral (AVC). A fraqueza e a dormência no lado direito do corpo foram os primeiros indícios. Mesmo fazendo parte do grupo de risco, já que tem diabetes, pressão arterial elevada e era fumante, levava uma vida sedentária. O operador desconhecia os sintomas da doença que mais mata no Brasil há 20 anos, segundo o Ministério da Saúde.
O tempo entre os primeiros sinais e a busca por uma emergência hospitalar foi de sete horas, tempo suficiente para deixá-lo internado por 21 dias e com grande dificuldade de controle dos movimentos e linguagem. Conhecido popularmente como derrame, o problema decorre da insuficiência no fluxo sanguíneo em uma determinada área do cérebro. De acordo com o Ministério da Saúde, um brasileiro morre a cada cinco minutos em decorrência da doença. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que mais de cinco milhões de pessoas sofrem com o problema, em todo mundo.
Tipos
Há dois principais tipos, o isquêmico, quando ocorre o entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro; e o o hemorrágico, quando ocorre uma rotura vascular provocando assim um sangramento no cérebro. O AVC de Carlos foi o isquêmico, diagnosticado em 85% dos casos.
Para o membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e chefe do setor de Neurologia do Hospital São Francisco na Providência de Deus (RJ), Fernando Figueira, os sintomas do AVC ainda são bastante ignorados pela população, que não conhece ou se atenta para o problema, e acaba buscando ajuda tardiamente, gerando risco de vida ou graves sequelas. “Muitas pessoas não sabem, mas o AVC é uma emergência médica e se for diagnosticado nas primeiras três horas após o início dos sintomas, as sequelas podem ser reduzidas”, afirma o médico.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o AVC é responsável por cerca de 100 mil óbitos anuais, e por 40% das aposentadorias precoces, já que o AVC muitas vezes deixa a pessoa incapacitada e dependente de terceiros.
Figueira explica que as causas do AVC podem ser diversas e vão desde má alimentação, hipertensão, tabagismo e estresse até pré-disposição genética e diabetes. “Controlar os fatores de risco e manter hábitos de vida saudáveis como atividade física contribuem para reduzir o risco da doença”. Segundo o médico, é recomendável a avaliação médica anual para adultos jovens saudáveis. “Para os mais idosos e aqueles que já possuem algum tipo de problema de saúde, a avaliação deve ser mais frequente, dependendo dos fatores de risco a serem controlados”, explica o neurologista.
Fique atento aos sintomas:
• Diminuição ou perda súbita de força no braço ou perna de um lado do corpo;
• Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo;
• Perda súbita de visão num olho ou nos dois olhos;
• Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar ou para compreender a linguagem;
• Dor de cabeça súbita e intensa, sem causa aparente;
• Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associados à náuseas ou vômitos.