O homem acusado de matar e estuprar a enteada, de seis anos, em Unaí foi condenado a 51 anos, 11 meses e um dia de prisão.
Conforme decisão da justiça, ele responderá pelos crimes de homicídio, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver. O corpo de Ana Paula Soares Marx foi encontrado em maio de 2021.
A maioria dos jurados considerou a tese da promotoria de que havia elementos suficientes para condenar o padrasto da criança. A acusação destacou que ele não tinha uma boa relação com a criança e que o corpo dela foi encontrado boiando, o que ligaria os fatos ao homem, que era pescador e tinha uma barraca perto de onde a menina foi localizada morta. Além disso, ele era o único adulto responsável por Ana Paula, já que a mãe dela estava hospitalizada.
A defesa, por sua vez, sustentou a tese de que não havia elementos para condenar o homem e levantou a possibilidade de haver um segundo suspeito, que não foi devidamente investigado. Afirmou ainda que não deveria pesar sobre ele o crime que ele cometeu no passado, em 2007, quando foi condenado por estuprar a matar a própria mãe.
Após a sentença ser proferida, a defesa informou que irá recorrer.
Entenda o caso
Ana Paula Soares Marx foi encontrada morta no rio Preto, em Unaí, na manhã do dia 16 de maio de 2021. Ela estava desaparecida havia três dias. O padrasto dela, de 34 anos, foi detido.
Na época padrasto contou à polícia que foi o último a ver a menina e disse que trabalhava em uma obra em frente a casa onde mora e, em um descuido, teria esquecido o portão aberto. A mãe da menina estava no hospital em trabalho de parto. O casal está junto há cerca de dois anos e já tinha um filho, de 1 ano e 8 meses.
As buscas para localizar Ana Paula contaram com a participação das polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e mais de 30 voluntários, entre familiares e amigos. A cadela Atena, que já atuou em desastres como Brumadinho, farejou o quarto da criança para tentar encontrar vestígios do caminho que a menina teria seguido.
Inicialmente, os trabalhos de procura pela menina se concentraram em uma região de mata fechada, perto da casa da família. Um par de chinelos chegou a ser encontrado no meio da mata, a mãe confirmou que o calçado era da filha, mas a criança continuava desaparecida.
As buscas no rio Preto estavam divididas em duas equipes dos Corpo de Bombeiros, uma delas realizava mergulhos próximo ao local onde o padrasto da criança tinha um barco ancorado às margens do rio e a outra desceu fazendo varreduras no leito. A menina foi encontrada pela segunda equipe. O corpo foi resgatado e encaminhado para o Instituto Médico Legal de Unaí.
O delegado regional de Unaí na época, João Henrique Furtado de Oliveira, revelou que o padrasto já vinha sendo considerado como suspeito desde quando descobriram que ele tinha passagens por estupro.
“Esse homem estuprou e matou a própria mãe, além de ter estuprado uma outra criança. Essa menina que estava desaparecida já havia fugido de casa uma vez, agora acreditamos que possa ter sido para fugir de abuso, mas esperávamos encontrá-la com vida para tentar investigar isso”, contou o delegado.