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Dona de clínica e ex-funcionários são presos em investigação que apura morte por overdose de medicamentos em Unaí

Segundo a Polícia Civil, morte de interna em fevereiro do ano passado começou a ser investigada após denúncia. Defesas dos envolvidos alegam que o óbito não foi criminoso.

A proprietária de uma clínica de reabilitação e dois ex-funcionários foram presos preventivamente nesta terça-feira (20) em Unaí. Segundo a Polícia Civil, eles são investigados pela morte de uma interna, que faleceu em decorrência de uma overdose de medicamentos.

Além dos três mandados de prisão, a operação Homize cumpriu ainda ordens judiciais de busca e apreensão. Foram recolhidos documentos para analisar as circunstancias da internação de alguns pacientes (veja os posicionamentos das defesas dos envolvidos abaixo).

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O delegado João Lourenço Filho, responsável pela investigação, explicou que o óbito ocorreu em fevereiro do ano passado. Na época, não houve acionamento da Polícia Civil e nem do Instituto Médico Legal.

“As responsáveis pela clínica conseguiram homiziar a situação para se furtar dos tramites da justiça, já que havia uma certa suspeita de que a morte teria acontecido diante de uma overdose medicamentosa”, detalha.

O caso começou a ser investigado após uma denúncia anônima.

“Fizemos diversos levantamentos para confirmar a verificação dessas informações preliminares e, após isso, com inúmeros depoimentos, inúmeros interrogatórios, exumação do cadáver, laudo toxicológico, atestamos a veracidade das informações e conseguimos chegar a conclusão de que houve realmente a overdose medicamentosa e a atitude errônea por parte dos envolvidos”, completou.

O delegado ainda destacou que os alvos “forçaram a ingestão medicamentosa da paciente”, mas que não foi possível identificar a quantidade de remédios ingeridos por conta do lapso temporal entre a morte e a exumação e também devido ao estado de decomposição em que o cadáver estava.

Durante depoimento, o vigilante e enfermeira presos afirmaram que a paciente estava agitada, por isso providências foram tomadas.

“Eles disseram que anteciparam a dose normal do medicamento que era dada em certo horário. Alegaram que não foi dada uma dose maior do que a que acostumava ser administrada pelos médicos, contudo nossas investigações demonstram que não foi bem assim que aconteceu.”

 

O delegado ressaltou ainda que não houve prescrição médica autorizando a antecipação da dose mencionada pelos dois funcionários.

“Fizemos o pedido para a clínica nos enviar o relatório médico da paciente, não nos foi enviado nenhuma preceituação medica. A enfermeira investigada informou que à época tinha receitas médicas orientando o uso do medicamento, contudo não foi apresentado nenhum receituário médico que permitisse o uso do medicamento e nem mesmo a antecipação.”

Ainda conforme João Lourenço Filho, a dona da clínica preferiu ficar em silêncio durante o depoimento. Os dois funcionários presos disseram que partiu dela a orientação para a administração do remédio.

“A responsável legal pela clínica foi quem ordenou a antecipação do uso do medicamento na vítima para que ela ficasse de certa forma controlada, tendo em vista a situação de agitação em que ela estava no momento.”

O vigilante e a enfermeira falaram ainda que nunca haviam presenciado nenhum paciente passar mal pelo uso de medicamentos, mas que era normal fazer a antecipação se fosse preciso acalmá-los.

As investigações serão concluídas e o inquérito policial será remetido à Justiça nos próximos dias.

 

Posicionamento dos envolvidos

 

Por meio de nota, o advogado João Alfredo Góes, que defende a dona da clínica, informou que a unidade sempre agiu segundo a orientação técnica de profissionais e o que houve foi uma fatalidade, o que será demonstrado ao longo do processo. Falou também que está cooperando com as autoridades para esclarecer qualquer questão relacionada à clínica e que a segurança e o bem-estar dos pacientes são a principal prioridade.

O advogado do vigilante e da enfermeira disse que as prisões foram desnecessárias, já que seus clientes não oferecem perigo à investigação, não são mais funcionários da clínica e são réus primários. Além disso, destacou que não se trata de um fato atual e que acredita que o que houve foi uma morte natural, ressaltando ainda que seus clientes apenas cumpriram ordens.
 
Fonte: G1

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