Dado mostra que mercado de trabalho não apenas confirma tendência de recuperação após pandemia, como ultrapassa patamar pré-pandemia, disse o instituto
A taxa média de desemprego no Brasil em 2022 caiu a 9,3%, uma retração de 3,9 pontos percentuais frente à de 2021, quando marcou 13,2%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (28).
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
“O resultado anual é o menor desde 2015, mostrando que o mercado de trabalho não apenas confirma a tendência de recuperação após o impacto da pandemia da Covid-19, como ultrapassa o patamar pré-pandemia”, diz o instituto em nota.
No trimestre encerrado em dezembro, a taxa caiu a 7,9%, queda de 0,8 ponto em comparação com o trimestre de julho a setembro. O mercado esperava que a taxa ficasse em 8%, segundo pesquisa da Reuters.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, o resultado mostra que 2022 consolidou o processo de recuperação iniciado no ano anterior.
“2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação”, afirmou ela em nota.
“Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 p.p.”
Nesse sentido, alguns índices que compõem a Pnad confirmaram o movimento de retomada de 2022. O IBGE destaca, por exemplo, o crescimento do contingente médio anual da população ocupada, que, com mais 6,7 milhões de pessoas em relação a 2021, saltou em 7,4%.
O nível de ocupação também cresceu pelo segundo ano consecutivo, a 56,6%, em 2022. No primeiro ano da pandemia, o índice chegou ao menor patamar da série, a 51,2%.
O ano passado também registrou um aumento de 9,2% no número de empregados com carteira de trabalho assinada, atingindo o patamar de 35,9 milhões de pessoas. “Embora venha crescendo nos últimos dois anos, o índice ainda não é o suficiente para atingir o patamar de 2014, o maior da série”, diz Beringuy. Em 2014, a estimativa média anual chegou a 37,6 milhões de empregados com carteira de trabalho no setor privado.
Em paralelo, a média anual de empregados sem carteira assinada também aumentou, a 14,9% — o maior patamar da série histórica. De 2021 para 2022, o dado subiu de 11,2 milhões de pessoas para 12,9 milhões.
Em 2022, o rendimento médio real fechou em R$ 2.715, o que marca um recuo de 1%, ou R$ 28, em relação a 2021. Já a média anual da massa de rendimento subiu 6,9% e chegou a R$ 261,3 bilhões, atingindo o maior patamar da série.
O IBGE também registrou queda na taxa média anual da informalidade, que saiu de 40,1% para 39,6%. Apesar da redução, a taxa ainda supera o início da série, quando estava em 38,6%, e o dado de 2020 (38,3%).
Em relação a setores, o crescimento do mercado de trabalho foi disseminado. A pesquisa destaca atividades comerciais e de reparação de veículos, que acumulou ganho de 9,4% (mais 1,6 milhão de pessoas) e chegou a cerca de 18,9 milhões de pessoas ocupadas no setor.
“Outros serviços” teve o maior percentual de aumento da população ocupada, em 17,8%, atingindo 5,2 milhões de trabalhadores.
A atividade que engloba “outros serviços” foi a com maior percentual de aumento da população ocupada, 17,8%, atingindo 5,2 milhões de trabalhadores. Alojamento e alimentação vêm em sequência, com alta de 15,8%.
Apenas o setor de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve queda percentual da população ocupada (-1,6%).
Trimestre mostra queda na população desocupada
Considerando apenas o período de outubro a dezembro de 2022, a Pnad mostra uma queda de 0.8 p.p. na taxa de desocupação em relação ao trimestre anterior, de 8,7% para 7,9%. Na comparação anual, o recuo foi de 3,2 p.p.
Em números totais, a população desocupada é de 8,6 milhões de brasileiros; a ocupada, de 99,4 milhões.
A taxa composta de subutilização também apresentou queda, indo de 20,1% do trimestre anterior para 18,5% nos últimos três meses do ano. No confronto com o mesmo trimestre de 2021, a queda foi de 5,8 p.p.
No ano, a taxa de subutilização reduziu 6,4 p.p., a 20,8%.
*Publicado por Ligia Tuon e Tamara Nassif, da CNN