Pequenos agricultores da região do Grande Sertão Veredas, no Noroeste do estado, que atuam no cultivo e na comercialização da castanha de baru (fruto nativo em abundância na região rico em propriedades nutricionais) e de polpas de frutas diversas, precisaram encontrar novas rotas de acesso a mercados nos últimos três anos.
Antes da pandemia, pelo menos 100 famílias da região conseguiam seu sustento com a venda de polpas de frutas para o poder público municipal, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A interrupção das aulas em 2019, porém, inviabilizou esse canal de vendas para produtores locais e extrativistas reunidos em comunidades de assentados, ribeirinhos e quilombolas.
Foi nesse momento que a Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase), fundada em 2008 e sediada na cidade de Arinos, decidiu explorar novos nichos de mercado. Em parceria com o Sebrae Minas, criou um plano de expansão comercial, incluindo um trabalho de branding para reposicionamento da marca.
O resultado foi a ampliação dos canais de venda, como redes de supermercados, atacados e varejos, indústria e até exportação. “Entendemos que, para o produto ter uma boa aceitação no mercado, seria importante a cooperativa ter boa estrutura interna. Daí começamos um trabalho focado na gestão da entidade, nas finanças e no marketing. Em seguida, fomos em busca desse novo público-alvo para a cooperativa, tanto no nosso território quanto no contato com grandes players”, explica a analista do Sebrae Minas Daniele Moreira.
Atualmente, a Copabase reúne cerca de 300 extrativistas de baru em 11 cidades do território conhecido como Grande Sertão Veredas, que abrange os municípios de Arinos, Bonfinópolis, Brasilândia de Minas, Chapada Gaúcha, João Pinheiro, Paracatu, Riachinho, São Francisco, Unaí, Uruana de Minas e Urucuia. Eles também cultivam, preparam e vendem produtos como o açafrão, o açúcar mascavo, a farinha de mandioca, o mel de abelha, o pólen e o urucum.
A cada safra, cinco toneladas da castanha de baru são enviados para os Estados Unidos — Foto: Acervo Copabase
Depois dos trabalhos de reposicionamento, a castanha de baru e outros frutos comercializados pela cooperativa são encontrados em redes de supermercados de Brasília e em São Paulo, como o Carrefour, e também em países como Estados Unidos e Suíça.
Em parceria com a Central do Cerrado (central de cooperativas nacional que reúne mais de 16 organizações comunitárias), a Copase firmou um contrato de cinco anos com a empresa Botânica Origens, para a exportação média, por safra, de cinco toneladas de castanha de baru para os Estados Unidos.
“Organizamos o portfólio de produtos vendidos, a partir da nova embalagem, rótulos e outros aspectos, e por meio deste plano de expansão, pensando e executando novas estratégias que vão além do mercado institucional. A partir do momento que desenvolvemos novas ideias para melhorar nossos produtos e processos internos, avançamos em parcerias comerciais importantes e de impacto para nosso setor”, explica a gestora da Copabase, Dionete Figueiredo.
Produção anual
A castanha de baru se tornou o carro-chefe da cooperativa e referência para a região, com produção de cerca de 16 toneladas por safra, que vai de setembro a novembro de cada ano. O produto convencional tem sido vendido ao consumidor final por cerca de R$ 100 o quilo. Famílias que trabalham na extração do fruto podem obter ganhos de mais de R$ 3 mil mensais com esta atividade.
O baru da Copabase recebeu recentemente a certificação orgânica pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), devido ao extrativismo sustentável. “Esta cadeia é chamada de sociobioprodutiva por trazer impactos social, ambiental e econômico relevante para as famílias envolvidas. Nossa proposta é a diversificação da renda na propriedade, o trabalho e o manejo sustentável, para que ela seja produtiva. Assim contribuímos também para evitar o êxodo rural das famílias”, ressalta Dionete.
Fonte: SEBRAE