IGP-M registrou queda de 1,93% em junho, após baixa de 1,84% no mês anterior
IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), conhecido como “inflação do aluguel”, caiu mais do que o esperado em junho e marcou as taxas de deflação mais acentuadas da série histórica tanto na comparação mensal quando no acumulado do último ano.
O IGP-M registrou queda de 1,93% em junho, após baixa de 1,84% no mês anterior, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas) nesta quinta-feira (29). Com esse resultado, o índice passou a mostrar baixa de 6,86% em 12 meses, marcando deflações recordes na série iniciada em 1989.
A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um recuo de 1,70% em junho frente a maio.
Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços, a leitura do IGP-M deste mês foi resultado da queda dos preços dos combustíveis na refinaria, com o diesel cedendo 13,82% e a gasolina caindo 11,69%.
“Afora tal contribuição, os preços de importantes commodities agropecuárias seguem em queda, como: milho (-14,85%) e bovinos (-6,55%)”, acrescentou ele.
Desta forma, o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, caiu 2,73% em junho, ante baixa de 2,72% em maio.
Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que tem peso de 30% no índice geral, passou a recuar 0,25% no mês, deixando para trás a alta de 0,48% de maio.
No âmbito do consumidor, as principais contribuições partiram dos preços da gasolina (-3,00%) e dos automóveis novos (-3,76%), explicou Braz.
O IGP-M calcula os preços ao produtor, consumidor e na construção civil entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.
PREÇOS AO PRODUTOR TÊM QUEDA RECORDE EM MAIO E BAIXA EM 12 MESES É A MAIOR DA SÉRIE
Os preços ao produtor no Brasil recuaram pelo quarto mês seguido em maio e no ritmo mais intenso já registrado, com a deflação em 12 meses atingindo recorde desde o início da série histórica, em 2014.
O IPP (Índice de Preços ao Produtor) caiu 3,07% em maio na comparação com o mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira.
Em abril, o IPP havia recuado 0,35%, e a leitura de maio marcou a queda mais forte da série, superando o recuo de 3,04% visto em agosto de 2022.
O resultado levou o índice acumulado em 12 meses a cair 9,20%, marcando também a maior retração da série histórica para esse indicador.
Entre as 24 atividades analisadas, o IBGE apontou que 20 apresentaram variações negativas de preço. As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências foram as de refino de petróleo e biocombustíveis (-1,16 p.p.), outros produtos químicos (-0,47 p.p.), indústrias extrativas (-0,47 p.p.) e alimentos (-0,42 p.p.).
Já as variações mais expressivas vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (-10,47%), indústrias extrativas (-9,32%), outros produtos químicos (-5,78%) e papel e celulose (-5,51%).
“Nos últimos cinco meses, vemos uma crescente valorização do real em relação ao dólar. Isso faz com que ocorra uma diminuição dos preços na moeda brasileira, uma das razões que explicam o maior número de atividades com redução de preços. Os setores exportadores, naturalmente, são os mais afetados”, explicou Alexandre Brandão, analista do IBGE.
O IBGE destacou que o setor de retino de petróleo e biocombustíveis marcou o sexto resultado negativo consecutivo e o maior desde abril de 2020 (-20,61%), sob o peso do recuo no preço do óleo diesel, produto de maior peso na atividade.
“Há uma ligação direta entre a queda de preço do óleo bruto de petróleo, observada não só no Brasil como no mundo todo, e os produtos de refino. A maior oferta atual de petróleo provoca uma redução de preço”, completou Brandão.
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, isto é, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação.