Moro largou carreira de juiz federal para virar ministro e disse ter aceitado o convite de Bolsonaro por estar ‘cansado de tomar bola nas costas’
A queda de braços entre ministros civis e Jair Bolsonaro ganha um novo episódio no Palácio do Planalto, em pouco mais de uma semana, o alvo do presidente foi outro ministro, Luiz Henrique Mandetta, que era o titular da Saúde. Assim como Moro, Mandetta tinha alta popularidade, o que chegou a incomodar Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta sexta-feira, 24, a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A saída foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). A troca no comando da corporação provocou a mais nova crise entre o presidente e o ministro, que ameaça deixar o cargo caso não possa indicar o substituto para a vaga.
Entenda os motivos
Membros da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, ouvidos pela Folha de São Paulo na condição de anonimato, afirmam que o movimento de Jair Bolsonaro que resultou no pedido de demissão feito por Sergio Moro (Justiça) tem como o pano de fundo a tentativa de o presidente controlar as ações e as investigações da corporação no país.
Para pessoas próximas ao ministro, os alvos são variados, mas o foco está em apurações que podem resultar em problemas para a família presidencial e para sua rede de apoio. E na falta de ações contundentes contra adversários políticos.
Chefe da PF foi exonerado pelo presidente
Escolhido por Sergio Moro, Maurício Valeixo é visto como um braço direito do ex-juiz paranaense, e o ministro colocou como condição para sua manutenção no cargo a permanência do indicado para a PF.
Membros da Polícia Federal e do Ministério da Justiça.
De Juiz à Ministro
Moro topou largar a carreira de juiz federal, que lhe deu fama de herói pela condução da Lava Jato, para virar ministro. Ele disse ter aceitado o convite de Bolsonaro, entre outras coisas, por estar “cansado de tomar bola nas costas”.
Tomou posse com o discurso de que teria total autonomia e com status de superministro. Desde que assumiu, porém, acumulou série de recuos e derrotas.
Moro se firmou como o ministro mais popular do governo Bolsonaro, com aprovação superior à do próprio presidente, segundo o Datafolha.
Pesquisa realizada no início de dezembro de 2019 mostrou que 53% da população avalia como ótima/boa a gestão do ex-juiz no Ministério da Justiça. Outros 23% a consideram regular, e 21% ruim/péssima. Bolsonaro tinha números mais modestos, com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo.