O Prefeito Donizete Antônio dos Santos, assinou terça- feira (14/04), um decreto que autoriza a reabertura de estabelecimentos comerciais para atendimento ao público como lojas, templos religiosos, academias, restaurantes, feira livre e outras atividades e demais comerciais no município Bonfinópolis de Minas. A decisão foi tomada após consulta ao comitê de crise do coronavírus do município.
A redação do Decreto Municipal n.º 975 de 14 de abril de 2020, permite que inúmeras atividades comerciais vão poder voltar ao funcionamento desde que cumpram algumas medidas, como manter um distanciamento entre as pessoas, e manter a limitação de espaço de clientes no interior de comércios, além de ser obrigatório disponibilizar de álcool gel para os consumidores.
O novo decreto recomenda ainda que a população faça o uso de máscara enquanto durar a pandemia do Covid-19, principalmente quando os cidadãos estiverem transitando pelas ruas da cidade; as máscaras podem ser produzidas artesanalmente pela própria população.
SAIBA COMO FAZER MÁSCARA DE PROTEÇÃO DESCARTÁVEL E CASEIRA
A decisão de afrouxar as medidas de isolamento adotadas pelo prefeito Donizete dos Santos, foi feita diante da grande pressão exercida por empresários e líderes religiosos da cidade. Na última semana alguns empresários estiveram na sede da prefeitura municipal para uma reunião com o chefe do executivo.
Durante a reunião os empresários do comércio local questionaram o decreto que determinou a suspensão do funcionamento de algumas atividades consideradas não essenciais. Eles reivindicaram a abertura de suas lojas, e reclamaram do prejuízo financeiro, resultado da grande queda nas vendas devido a suspensão das atividades das lojas.
Sem vendas os lojistas estão preocupados com os compromissos assumidos com fornecedores, funcionários e prestadores de serviços. E apresentaram ao prefeito a preocupação com a redução das vendas, segundo o grupo a um temor de que ocorra a negativação de suas empresas junto aos órgãos de proteção ao crédito por não conseguirem pagar seus fornecedores.
Através de uma Live o prefeito explicou que o afrouxamento das medidas estão sendo feitas contra sua vontade, e entende que pelo fato de por não haver nenhum caso registrado no município foi possível tomar essa decisão no momento, durante seu pronunciamento chamou a atenção para a existência de casos de covid-19 confirmados no noroeste nas cidades de Unaí e Paracatu. Ao final, informou que não será admitido de qualquer forma aglomeração de pessoas.
Idosos são grupo de risco, mas outras faixas etárias merecem atenção
A Prefeitura de Bonfinópolis tinha definido uma série de medidas de modo a evitar a exposição de idosos a uma eventual transmissão do coronavírus. Com o novo decreto os cuidados com os grupos de risco ainda devem ser observados.
De fato, pessoas acima dos 60 anos estão mais propensas a terem complicações quando infectadas pela doença, mas especialistas alertam que há outros grupos de risco que devem ser considerados.
- Diabéticos
- Hipertensos
- Quem tem insuficiência renal crônica
- Quem tem doença respiratória crônica
- Quem tem doença cardiovascular
Porque o relaxamento pode ser um problema
Segundo autoridades sanitárias, o afrouxamento do isolamento é preocupante e não deveria ocorrer neste momento. Como a infecção pelo novo coronavírus pode ser assintomática ou só desencadear sintomas depois de duas semanas, baixos números de casos registrados podem dar a falsa impressão de segurança.
Dessa forma, localidades que resolvam relaxar suas medidas de isolamento antes de uma queda consistente do número nacional de contaminações podem ser surpreendidas por um súbito aumento posterior dos casos, com pressão sobre os sistemas de saúde. Foi o que aconteceu, por exemplo, na região da Lombardia localizada na Itália.
O diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada no dia 3 de abril, disse que “não podemos relaxar” e alertou para esse período silencioso da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“É importante lembrar que há um período silencioso entre a contaminação e a doença, entre a doença e
a necessidade de atendimento no hospital e do hospital para a curva de mortalidade. Esse período progressivo de silêncio não é de duas semanas. Esse efeito é maior, de três a cinco semanas” Paulo Chapchap diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada em 3 de abril
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depois de grande tensão com o presidente Jair Bolsonaro, passou a admitir que cidades com menos casos de infecção, com 50% ou mais de leitos não ocupados, adotem um sistema de distanciamento social seletivo, isto é, com o isolamento apenas de infectados e de pessoas do grupo de risco, como idosos ou com doenças pré-existentes.
Os críticos dessa flexibilização argumentam, no entanto, que os baixos números de casos não são indicativos suficientes de que aquela área triunfou em definitivo sobre o novo coronavírus. Isso porque a maior parcela da população brasileira não está sendo testada, e os cenários podem mudar rapidamente, dada a alta taxa de transmissibilidade do vírus.
Em São Paulo, por exemplo, segundo o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do estado, apenas um índice de isolamento de 70% é capaz de garantir que os leitos do estado sejam suficientes para o tratamento de todos os contaminados que venham a ter complicações.
Estudos preliminares indicam que o isolamento social no Reino Unido é de 73%. Regiões da China que conseguiram conter a disseminação do vírus, por sua vez, conseguiram alcançar taxas maiores do que 85% de redução do contato social.
Com dados: Nexo Jornal
Decreto 975 de 14 de Abril de 2020: