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Números mostram Brasil com 1° mês pior que Itália; comparação exige cautela.

O Brasil completou ontem 30 dias desde o primeiro caso de contaminação por coronavírus reportado no país. Desde então, temos 77 mortes e quase 3 mil casos confirmados da doença. Olhando friamente os números, eles podem indicar uma situação preocupante quando comparamos com outros países que agora são o foco da crise. Especialistas ouvidos pelo UOL, porém, dizem que fatores locais inviabilizam esse tipo de análise, sendo impossível estimar como o país estará no futuro com base em outros casos.

O Brasil está repetindo a curva de contaminação de Espanha e Itália, dois países europeus que hoje se encontram em situação dramática. Em seus 30 primeiros dias após o primeiro caso, a Itália registrava apenas cerca de 1.700 casos e 21 mortes. A Espanha, no mesmo período de tempo, tinha 45 casos e nenhuma morte. Acontece que essa comparação leva apenas em conta os casos oficialmente confirmados, ignorando a subnotificação quem ocorre em todos os países, em menor o maior grau.

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Olhando o número de mortes, o Brasil registrou um crescimento maior do que o italiano, mas menor do que o espanhol. O Brasil reportou a sua primeira morte no dia 17 de março. Menos de dez dias depois, já foram 77 óbitos devido à covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Na Espanha, a primeira morte foi reportada no dia 3. Em dez dias, o país já tinha 133 óbitos. Na Itália a primeira morte aconteceu em 21 de fevereiro. Dez dias depois, o país tinha 52 casos. Ambos os países vivem agora situações dramáticas, com a Itália somando mais de 80 mil casos e mais de 8.000 mortes e a Espanha com mais de 64 mil casos e quase 5.000 mortes.

Segundo o infectologista da Universidade de São Paulo (USP), Eliseu Waldman, observar os números de outros países pode ajudar a tomar decisões sobre que medidas adotar, mas não contribui para prever o futuro. Em um evento como esse, a gente tem que ir aprendendo. Evidentemente esses países têm muito o que nos ensinar. Muita coisa que nós estamos fazendo é em cima dos resultados obtidos em outros países. Agora, fazer previsão, pegar duas curvas e dizer que são semelhantes, é muito difícil, porque o comportamento de disseminação das doenças de transmissão respiratória varia muito com o contexto Eliseu Waldman, infectologista da USP Segundo ele, o Brasil tem realidades sociais muito.
 

Brasil no começo da aceleração da curva

O infectologista especializado pelo Instituto Emílio Ribas, Natanael Adiwardana, explica que o ideal é fazer análises a partir do momento da aceleração do número de casos e mortes “Não adianta contar só do Dia 0, do primeiro caso, ou a partir de uma velocidade linear de progressão. Temos que ver o momento em que a curva acelera.” O Brasil ainda está no começo desta aceleração da curva. De acordo com os especialistas, a expectativa é que nas próximas duas semanas os casos cresçam ainda mais, até o Brasil atingir o seu pico de contaminação. A discrepância de números também pode apontar subnotificação nesses países.

Os Estados Unidos também vivem hoje uma situação alarmante a assumiu o topo da lista de casos, com mais de 86 mil e 1.300 mortes. Porém, o país terminou o seu primeiro mês de contaminação com apenas 35 casos e nenhuma morte. O crescimento rápido dos casos confirmados ocorreu após o país começar a fazer testes em massa.

 
Mais tarde se percebeu que, na verdade, as pessoas não estavam reportando seus casos devido ao custo financeiro que isso lhes acarretaria, já que o sistema de saúde lá não é público. “As pessoas não pagavam para fazer o teste ou ir ao hospital, porque isso pode custar a renda do mês inteiro”, diz Adiwardana. “Os EUA no começo foram subnotificados em todos os aspectos.” No gráfico abaixo, é possível ver o número elevado de mortes no Brasil dentro de um período de 10 dias frente a Itália, Espanha e Estados Unidos. Os dados, porém, são afetados por subnotificação e realidade social, portanto, não concluem um cenário dos piores no Brasil. Os atuais números brasileiros, apesar de alto números e reportados em um curto período de tempo, estão conforme o que se projetava para a epidemia no país.
 
Segundo os especialistas, o futuro do Brasil nesta pandemia vai depender de como será a resposta frente ao crescimento de casos nestas próximas semanas, tanto em questão de políticas oficiais, quanto no comportamento da população.
 
Fonte: uol.com.br

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