Fóssil de lagarto mais antigo da América do Sul é encontrado em João Pinheiro/MG

Um fóssil do lagarto batizado de Neokotus sanfranciscanus, que tem cerca de 135 milhões de anos, o mais antigo da América do Sul, foi encontrado no município de João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais, por um grupo de pesquisadores da UFMG, da USP, da Universidade de Harvard (EUA) e da Universidade de Alberta (Canadá).

Essa espécie teria 20 milhões a mais que os fósseis de lagarto até então encontrados no continente. Suas características revelam que ele faz parte da família Paramacellodidae, extinta há pelo menos 66 milhões de anos e até então desconhecida na América do Sul. “A maioria das espécies de lagartos fósseis é proveniente do Hemisfério Norte. Apenas uma pequena porção dessa diversidade antiga é conhecida para a América do Sul, África, Oceania e Antártica. A maior parte dos lagartos fósseis da América do Sul foi descoberta no Brasil, e nossos achados demonstram sua relevância para entender os padrões globais da evolução do grupo, bem como a origem e evolução das cerca de duas mil espécies viventes de lagartos e serpentes sul-americanas”, afirma o pesquisador de Harvard e coautor do artigo, Tiago Simões.

“O estudo mostrou que a diversidade de lagartos e serpentes no Cretáceo da América do Sul era mais cosmopolita (ou seja, uma fauna mais generalizada), em contraste com a fauna atual, bem mais endêmica. A descoberta é importante para entender como se deu a evolução da biodiversidade no continente desde a época dos dinossauros”, explica o professor Jonathas Bittencourt, do Laboratório de Paleontologia e Macroevolução do Instituto de Geociências (IGC) e coordenador da pesquisa.

A ocorrência do lagarto data do período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás. “Esse período é extremamente interessante para a evolução da vida na Terra. Houve grande diversificação de répteis e aves, a origem de alguns grupos de mamíferos, a separação dos continentes do sul, que estavam juntos desde a época da Pangeia, além da grande extinção no fim do período, que dizimou não só dinossauros, mas diversos outros grupos de animais e plantas”, diz Jonathas Bittencourt.

Segundo a UFMG, os pesquisadores do Laboratório de Paleontologia e Macroevolução trabalham desde 2012 na busca de fósseis na região Norte de Minas Gerais. Em 2017, também em João Pinheiro, foi encontrado um dente de tubarão grudado em uma rocha do período Cretáceo.

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