O Rio Paracatu, principal afluente do São Francisco está quase sem água. Há quatro meses não chove forte na região. O nível está tão baixo que há mais ou menos dois meses, em alguns trechos é impossível navegar, porque o motor dos barcos pega na areia do fundo. No leito do rio é possível caminhar tranquilamente com água na altura do joelho.
Essa foi a constatação da equipe do Globo Rural em visita ao Rio Paracatu esta agonizando. Um problema agravado pela ausência de chuvas e uso da água de seus afluentes de forma excessiva.
A liberação de novas outorgas no maior afluente do Rio Paracatu
População que utiliza água do Rio Preto demonstra a preocupação com o maior afluente do rio Paracatu. O Rio Preto é responsável por cerca de 25,29% da vazão do Rio Paracatu. A reclamação é sobre o grande número de pivôs abastecidos com a água do rio.
Visitamos o trecho do rio que fica nas divisas dos municípios de Unaí e Dom Bosco, percorrendo o rio através de embarcação, visualizamos vários pontos de captação instalados nas margens para uso na irrigação e dessedentação animal. Conforme a imagem abaixo podemos verificar a quantidade de outorgas autorizadas pela ANA-Agência Nacional das Águas no curso do rio.
Uma situação em particular que nos chamou bastante atenção, foi uma grande obra que uma usina de açúcar e álcool instalada naquela região está realizando para garantir a irrigação de lavouras de cana de açúcar.
A meses atrás a usina realizava captação de água em um outro afluente do Rio Paracatu especificamente no Ribeirão Entre Ribeiros, a captação era realizada para irrigação, porém com a diminuição da vazão do ribeirão captação foi suspensa.
Para garantir que a cana continue sendo irrigada, foi realizado uma grande obra de ampliação, em um ponto de captação já existente, a ampliação utilizará bombas anfíbias com capacidade de operar dentro e fora da água com o mesmo equipamento de alta performance e desempenho com potencia de 300 cv, uma média de captação de 3.565m³ de água por hora para abastecer uma adutora que vai transportar água à uma distância de 3.4 Km, para ser utilizada em pivô central que faz a irrigação de lavouras.
A princípio a referida captação possuem autorização, ou seja, a outorga o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos disponíveis emitida pela ANA Agencia Nacional das Águas, sendo que a competência sobre o uso da água desse afluente é da União.
O questionamento da população ribeirinha é quanto a quantidade de água que será captada pela usina, uma vez que no local já existia uma captação antiga, agora com os novos equipamentos que possuem um maior poder de captação a duvida é se a captação manterá a mesma quantidade informada na outorga. Ribeirinhos sugerem um acordo no sentido da possibilidade da suspensão de uso de todos os pivôs daquela região nos meses em que o rio está mais baixo.
Via de Regra a concessão da outorga é condicionada limitação de quantidade de água a ser captada, na prática a fiscalização não consegue mensurar de forma periódica e nem mesmo monitorar de forma totalmente satisfatória a quantidade de água utilizada por cada outorgado.