O RIO DAS ALMAS PEDE SOCORRO

No dia 21 de junho desse ano, aconteceu na Câmara de Vereadores de Bonfinópolis de Minas, por iniciativa doDSCN0139 Presidente Reginaldo Palma Bezerra, importante reunião onde se debateu de forma harmoniosa e técnica o problema da diminuição das águas do rio das Almas em função das poucas chuvas e do grande uso de pivôs pelos agricultores das margens do rio, sobretudo as grandes lavouras da região da Chapada.

Dados apresentados na reunião demonstram que o rio das Almas está muito perto de atingir sua vazão mínima em pleno mês de junho, longe ainda do auge da seca. O estudo mostra que o nível das águas do rio é o mais baixo desde 2012, ano em que foram iniciadas as medições. O mesmo estudo recomendou o encerramento do plantio de novas culturas irrigadas.

Percebeu-se, a priori, o empenho dos agricultores em trabalhar conjuntamente para resolver tal problema, visto que este é também um mal que poderá afetá-los de forma contundente. Mas apenas o reconhecimento do problema por parte dos grandes agricultores e a promessa de tentar minimizar a situação caótica de nosso rio não são suficientes para que o povo da cidade de Bonfinópolis de Minas fique tranquilo. É preciso envolvimento contínuo de toda sociedade no sentido de cobrar das autoridades o uso racional das águas do nosso rio das Almas.

Argumentar que tal situação é apenas consequência de um suposto progresso é reducionismo e ingenuidade. O progresso é uma variável importante, mas não pode ser visto como algo definitivo. Todos sabemos que em primeiro lugar vem a sobrevivência e a dignidade do ser humano.

Sabemos que enfrentamos um ano atípico, onde as baixas precipitações pluviométricas atingem níveis alarmantes, tampouco sabemos quando isso irá mudar, portanto urge a necessidade de fiscalização, cobrança e principalmente a conscientização da população de Bonfinópolis para que essa fique sabendo que podemos ter falta de água até mesmo para uso doméstico em um futuro muito próximo.

E a preocupação dever ir além. É necessário que se verifique o nível de agrotóxicos que se encontra nas águas do rio. Verificar se tais níveis estão dentro dos padrões exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, visto que somos o país que mais consome agrotóxicos no mundo, muitos deles já banidos em muitos países.

Outra cobrança premente é a da realização da despoluição do rio. Essa obra deve se sobrepor às demais, visto que o rio é a simbologia máxima de vida em nossa cidade, no entanto, hoje ele parece mais um esgoto a céu aberto, comprometendo a dignidade dos que dele dependem. A despoluição do rio, com certeza, será a maior prova de amor que um governante deixará para seu povo e para a posteridade.

Fechar os olhos para a triste situação do rio que alimenta nossa cidade é temerário e implica em irresponsabilidade. É necessário que saiamos de nossa zona de conforto e enfrentemos esse problema enquanto é tempo, provocando o prefeito, vereadores, Ministério Público e demais autoridades. Se negarmos a ver o que está acontecendo, se não rompermos com o comodismo, se não empenharmos de forma veemente na defesa de nosso rio, poderemos pagar um preço muito alto brevemente.

 


Reportagem: Orlando Alves de Matos Filho

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