Dois pacientes portadores de HIV que receberam transplantes de medula óssea ficaram livres do vírus e interromperam o tratamento com medicamentos antirretroviais.
Os avanços, que trazem esperança para o tratamento da aids, foram anunciados por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, durante a Conferência Internacional sobre Aids. Segundo os médicos, um dos pacientes já não toma medicamentos há 15 semanas e o outro há 8 e, desde então, exames não detectaram sinais do HIV em seus organismos.
A equipe pondera que ainda é muito cedo para falar de cura para a aids e alerta que o vírus pode retornar a qualquer momento. Os pesquisadores explicam que é muito difícil se livrar do vírus, que se esconde dentro o DNA humano, formando “reservatórios” pelo corpo. Os dois homens, que não foram identificados, são portadores de HIV há cerca de 30 anos. Ambos tiveram câncer linfático, um tipo de tumor que requer transplante de medula.
Depósito de HIV
A medula óssea é onde as células sanguíneas são produzidas e acredita-se que o órgão seja um “grande depósito” de HIV. A equipe médica que acompanha os pacientes acredita que os medicamentos antirretrovirais tenham protegido a medula transplantada da infecção. Ao mesmo tempo, o novo órgão teria “atacado” o que restou da medula original dos pacientes, que poderia estar abrigando o vírus.
Em um dos pacientes, os médicos não detectaram sinais do vírus nos quatro anos seguintes ao transplante. No outro paciente, dois anos após a operação o vírus também não havia retornado. Ambos foram liberados dos antirretrovirais no início deste ano.
O médico Timothy Henrich disse que os resultados são animadores, ressaltando que ainda é cedo para falar de cura.”Ainda temos que acompanhar (os dois pacientes) por muito tempo”, disse Henrich. “O que podemos dizer é que se o vírus não voltar dois anos depois de eles terem interrompido a medicação, as chances do vírus voltar são extremamente baixas”. No entanto, Henrich afirmou que o vírus ainda poderia estar se escondendo no tecido cerebral ou no trato gastrointestinal. “Se o vírus voltar significa que esses outros órgãos são um reservatório importante para o vírus, o que pode reorientar as pesquisas sobre a cura da Aids”.